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Boletim do GPI nº1 - dez 2014

Boletim do GPI

Número 1 - dezembro de 2014

Periodicidade trimestral

 Conteúdos

- Nota editorial

- Dias 3 e 10 de dezembro ? datas a assinalar  

- Formatos de leitura alternativos para quem não lê de forma "convencional"

- Iniciativas de destaque

- Um testemunho na 1ª pessoa

- Sugestão do trimestre

 

Nota editorial

Este ano o GPI comemora 20 anos de história. O Gabinete de Apoio ao Estudante com Deficiência - GAED - foi o percursor do atual GPI, tendo sido criado pelo Despacho Reitoral 123/94, de 14 de Novembro.

No dia 3 de dezembro comemorou-se o dia internacional das pessoas com deficiência e dia 10 comemora-se o dia internacional dos direitos humanos, como será explicado mais adiante. Assim, temos três boas razões para pôr em marcha mais uma das iniciativas deste serviço: o seu boletim. De periodicidade trimestral, pretende-se abordar questões que despertem interesse ou curiosidade em torno da deficiência e da inclusão, dar a conhecer percursos individuais de quem possui deficiência, partilhar notícias e eventos que nos digam respeito, sugerir leituras, filmes ou outras artes que foquem os temas do nosso âmbito de ação, mas também, e acima de tudo, poder servir de mote para a reflexão e o questionamento de quem nos lê: aceitam-se e agradecem-se as sugestões que daí decorram, para que este boletim possa ir de encontro às expectativas do seu público.

 Contactos

Gabinete para a Inclusão (GPI)

Universidade do Minho

Campus de Gualtar, Complexo Pedagógico I

4710-057 Braga

Telefones: 253 601335/6

E-mail: secretaria@gpi.uminho.pt

Web: www.gpi.uminho.pt

 Dias 3 e 10 de dezembro ? datas a assinalar

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência comemora-se anualmente a 3 de dezembro. Assim acontece desde 1998, ano em que a Organização das Nações Unidas avançou com a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência.

A data tem como principal objetivo sensibilizar a sociedade para a necessidade de fomentar a integração e participação ativa destas pessoas em todos os aspetos da vida (política, social, económica, cultural e artística) promovendo, assim, o combate à discriminação e à intolerância.

Todos os anos, o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência tem um tema específico, que pauta as atividades e eventos deste dia. O ano de 2014 tem como tema ?Desenvolvimento sustentável: a promessa da tecnologia?.

Celebra-se a 10 de dezembro o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Neste dia, corria o ano de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a qual foi assinada por 58 estados, tendo como objetivo a promoção da paz e preservação da humanidade, após a 2ª Guerra Mundial, a qual vitimou milhões de pessoas.

Da agenda das Nações Unidas, fazem parte inúmeras iniciativas a nível mundial que visam a promoção e a defesa dos direitos do homem.

Neste dia realiza-se também a entrega do Prémio Nobel da Paz que neste ano será entregue à paquistanesa Malala e ao indiano Kailash Satyarthi.

  Formatos de leitura alternativos para quem não lê de forma "convencional"

Pegar, folhear, apreciar e disfrutar de um bom livro, é para muitos de nós, um prazer, não apenas pelo conteúdo: deslizamos os dedos pela encadernação, observamos a ilustração, sentimos o cheiro e tantas outras características que nos encantam.

Alguma vez se deu conta de que muitas pessoas não conseguem ler ou folhear um livro em papel?

É verdade, algo tão simples para a maioria de nós, por vezes torna-se numa tarefa impossível para quem não vê, para quem vê muito pouco, ou para quem não consegue manusear um livro.

Atualmente existem muitas formas de ?leitura?, em papel, formatos digitais (normalmente denominados E-books) e audiolivros. Mas nem todos eles são acessíveis dentro dos vários contextos de utilização.

Para pessoas com deficiências da visão, para as quais as ampliações já não são viáveis (quer estas sejam em papel ou conseguidas com recurso a lupas manuais e eletrónicas e até mesmo com programas de ampliação), o Braille continua a ser a única forma de acesso direto à leitura e escrita.

Existem atualmente alternativas ao Braille, baseadas na voz (sintética ou natural), a partir de programas de leitura ou ficheiros áudio, que possibilitam o acesso à informação e a um grande número de obras em formatos digitais, quer no computador quer em dispositivos móveis, smartphones e tablets.

Apesar do crescente número de E-books e dispositivos para a leitura, os quais têm vantagens em relação ao livro em papel, pois é possível transportar uma verdadeira biblioteca no nosso bolso, nem todos são acessíveis, com exceção de alguns fabricantes e editores que manifestam preocupação com as questões de acessibilidade.

Deste modo podemos dizer que o aparecimento dos E-books não foi uma solução para quem por algum motivo não consegue ler um livro em papel. Muitas vezes as edições digitais não são acessíveis apenas por questões de segurança anti cópia ou direitos autorais.

Para além das pessoas com deficiências da visão, as pessoas com deficiências motoras nos membros superiores também recorrem aos formatos digitais, pois atualmente existe uma grande facilidade no controlo do computador e dispositivos móveis, através de sistemas de interação que recorrem à deteção  do movimento da cabeça e dos olhos, manípulos que podem ser manuseados com qualquer parte do corpo, etc. Existem ainda os chamados viradores de páginas para auxiliar quem não consegue fazer esta tarefa de forma autónoma.

O ?acesso universal? à leitura ainda não é uma realidade. O Braille é de produção cara, ocupa muito espaço e é altamente perecível. Os leitores digitais de E-books são inacessíveis. A proteção digital de ficheiros torna-os ilegíveis por leitores de ecrã. A grande profusão de formatos, em regra incompatíveis entre si, torna impossível a criação de plataformas únicas de leitura.

Por fim, importa perceber que este é um problema grave e que, necessariamente, terá implicações no futuro próximo.

São mais de 37 milhões as pessoas que, na União Europeia, sofrem de uma ou de outra forma de deficiência (motora, mental, auditiva, visual e da fala). A estes há que juntar uma população envelhecida, com todas as limitações físicas e sensoriais que se adivinham.

Pense nisto!

Iniciativas de destaque

No passado dia 5 de novembro decorreu, no Campus de Azurém, o Seminário "PERCURSOS, ESPAÇOS  E PRODUTOS PARA TODOS?, tendo em vista:

- promover a consciencialização da importância das acessibilidades ao nível  dos percursos, das estruturas físicas e dos produtos de uso generalizado;

-  estimular ações profissionais de quem trabalha ou venha a trabalhar nestas áreas, que atendam às necessidades das pessoas com deficiência;

-  desmistificar a  ideia de ?criações específicas? e fomentar o empenho em ?criações para todos?;

-  passar a inclusão da teoria à prática, ou seja, conhecer alguns dos profissionais cujas  atividades  vão ao encontro dos temas deste seminário.

 

A iniciativa foi organizada a pensar especialmente nos estudantes, docentes, investigadores e profissionais das áreas em foco, mas teve a adesão de um público muito diversificado.

 Realizou-se ainda no mês de novembro, também no Campus de Azurém, a 2ª edição do Curso breve de introdução ao Braille, cuja 1ª edição, realizada no Campus de Gualtar, decorreu nos passados meses de janeiro e fevereiro. Os participantes mostraram-se, no geral, bastante surpreendidos com a facilidade deste sistema de leitura e escrita, criado por um cego para os cegos. A título de exemplo, transcreve-se o comentário de avaliação de um participante: 

 «Achei ainda mais pertinente esta formação do que ao início pensava que seria.

Adquiri um interesse muito grande pelo Braille e, agora, sei que no futuro isto poderá ser uma mais valia.

Gostava muito de poder continuar a praticar, de maneira a não esquecer o tanto que aqui aprendi.»

 

Um testemunho na 1ª pessoa

Crescer cega

É diferente nascer cega ou cegar ao longo da vida por uma qualquer fatalidade. Isto porque entendo que quando uma pessoa nasce cega, vê a cegueira como algo intrínseco a si e à sua realidade. Pelo contrário, quando uma pessoa perde a visão ao longo da vida, é obrigada a reaprender tudo e a encarar uma nova realidade que não é intrínseca a si e às suas vivências. Este é um facto óbvio, mas não deixa de ser real e relevante. Eu nasci cega e por isso vejo a cegueira como algo intrínseco à minha realidade. Tão intrínseco que na verdade, não me imagino a viver de outra forma.

Não sei quando tive a consciência de que não via, nem sei se a tive ou se simplesmente cresci numa convivência saudável com a cegueira. Para mim este é um facto importante, porque nunca questionei o porquê, ou sequer me revoltei com a situação. Simplesmente cresci aprendendo a ?ver? a realidade através dos olhos da imaginação ou da descrição das outras pessoas. E, sinceramente, não sei dizer onde começa uma realidade e acaba outra. Talvez porque simplesmente ambas se complementam, ao mesmo tempo que são inseparáveis. E aquilo que imagino estará longe da realidade? Talvez sim, talvez não, mas dessa forma construí os conceitos que compõem a minha realidade.

Considero que tive uma infância normal, ou seja, brinquei como todas as crianças; corri e saltei como todas as crianças; fiz asneiras como todas as crianças; frequentei a escola como todas as crianças; ri, chorei e sonhei como todas as crianças. Em suma, o facto de ser cega não me impediu, de todo, de ser uma criança como todas as outras.

Talvez tenha tido sorte em ter uma família que nunca me tratou como uma coitadinha, bem pelo contrário, sempre me trataram normalmente, tanto que às vezes até se esquecem que não vejo. E porque é que isto é um privilégio? É simples, porque julgo que a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é ser tratada como se fosse de vidro, superprotegida, o que resultará, por certo, numa gritante falta de capacidade para lidar com a descriminação, que, infelizmente, ainda é uma realidade muito presente na sociedade portuguesa.

 

Ana Andrade (estudante em estágio na Universidade do Minho)

Sugestão do trimestre

Livro: A história do pintainho amarelo de Maria Lúcia Namorado

Publicado há quase cinco décadas, este conto infantil para todas as idades não poderia estar mais atual. Narra as peripécias do Amarelinho, o pintainho que nasceu cego e que deixou todos sem saber como ajudá-lo. O pior é que ajudá-lo de certa forma não chega para o fazer feliz. É preciso descobrir outras formas, mas parece tão difícil... e de quem não se espera, vem uma lição preciosa e uma outra ajuda, não só para o Amarelinho, mas para todos os outros...

 Este livro foi adaptado para vários formatos pela Gaia Inclusiva ? Serviço de Leitura Especial da Biblioteca Municipal de Gaia.

Este Serviço, de âmbito nacional, tem como principal finalidade a produção e disponibilização de materiais de leitura em formatos acessíveis: áudio (analógico e digital), Braille e documento informático de texto.

Para mais informações os interessados deverão contactar o Serviço através do endereço de correio eletrónico: gaiainclusiva@cm-gaia.pt

 
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